sábado, 18 de setembro de 2010

Trabalho Escravo na Era da Modernidade


A escravidão na atualidade não se trata mais de compra ou venda de pessoas. No entanto, os meios de comunicação em geral utilizam a expressão para designar aquelas relações de trabalho nas quais as pessoas são forçadas a exercer uma atividade contra a sua vontade, sob ameaças de violência física e psicológica ou outras formas de intimidações. Muitas dessas formas de trabalho são acobertadas pela expressão “trabalhos forçados”, embora quase sempre impliquem o uso de violência. Mas, quais são os motivos que nos levam a crer nessa realidade? Temos que considerar no contexto histórico e social para podermos entender perfeitamente esse assunto.

O trabalho escravo perdura até os dias de hoje porque a nova escravidão é mais vantajosa para os empresários que a da época do Brasil Colônia e do Império, pelo menos do ponto de vista financeiro e operacional. No sistema antigo, a propriedade legal era permitida, hoje não. Mas, era muito mais caro comprar e manter um escravo do que hoje. O custo é quase zero, paga-se apenas o transporte e, no máximo, a dívida que o sujeito tinha em algum comércio ou hotel. Se o trabalhador fica doente, é só largá-lo na estrada mais próxima e aliciar outra pessoa. O desemprego generalizado proporciona mão-de-obra farta.

Infelizmente, o que vemos hoje é uma grande quantidade de desempregados, reserva de contingente para o trabalho forçado. Isso facilita a atuação dos medíocres aproveitadores para enganar esses trabalhadores. Estes que são de locais onde a situação de pobreza é imensa. Se não houver uma política de fundo para gerar emprego e renda e fixar a população nos seus estados de origem, não vai adiantar fiscalização ou até mesmo punições para quem descumpre a Lei.

Na escravidão contemporânea, não faz diferença se a pessoa é negra, amarela ou branca. Os escravos são miseráveis, sem distinção de cor ou credo. Porém, tanto na escravidão imperial como na do Brasil de hoje, mantém-se a ordem por meio de ameaças. Isso acontece também com mulheres e meninas que são capturadas para serem escravas domésticas ou a prostituição forçada. É uma realidade que persiste em perseguir apesar do avanço da modernidade. A dignidade de milhões de até crianças e adolescentes está sendo desrespeitadas e violadas em se tratando de direitos humanos.

Pior do que não conseguir um trabalho, é não conseguir sair dele. Levando em conta o que foi observado, nota-se que esse problema nos acompanhará por muitos anos, se depender das políticas públicas existentes. A política no Brasil, como não é levada a sério pelos nossos parlamentares, (e por esse motivo) esse problema (trabalho escravo) nos perseguirá por muito tempo, infelizmente.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Visita indesejável

O mesmo país que tentou oferecer segurança e consolo a vítimas do Holocausto estende honras a quem banaliza o mal absoluto?

É DESCONFORTÁVEL recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo. Afinal, temos um passado recente de luta contra a ditadura e firmamos na Constituição de 1988 os ideais de democracia e direitos humanos. Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes.

O presidente Ahmadinejad, do Irã, acaba de ser reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas. A fraude foi tão ostensiva que dura até hoje no país a onda de revolta desencadeada. Passados vários meses, os participantes de protestos pacíficos são brutalizados por bandos fascistas que não hesitam em assassinar manifestantes indefesos, como a jovem estudante que se tornou símbolo mundial da resistência iraniana. Presos, torturados, sexualmente violentados nas prisões, os opositores são condenados, alguns à morte, em julgamentos monstros que lembram os processos estalinistas de Moscou.

Como reagiríamos se apenas um décimo disso estivesse ocorrendo no Paraguai ou, digamos, em Honduras, onde nos mostramos tão indignados ao condenar a destituição de um presidente? Enquanto em Tegucigalpa nos negamos a aceitar o mínimo contacto com o governo de fato, tem sentido receber de braços abertos o homem cujo ministro da Defesa é procurado pela Interpol devido ao atentado ao centro comunitário judaico em Buenos Aires, que causou em 1994 a morte de 85 pessoas?

A acusação nesse caso não provém dos americanos ou israelenses. Foi por iniciativa do governo argentino que o nome foi incluído na lista dos terroristas buscados pela Justiça. Se Brasília tem dúvidas, por que não pergunta à nossa amiga, a presidente Cristina Kirchner?

Democracia e direitos humanos são indivisíveis e devem ser defendidos em qualquer parte do mundo. É incoerente proceder como se esses valores perdessem importância na razão direta do afastamento geográfico. Tampouco é admissível honrar os que deram a vida para combater a ditadura no Brasil, na Argentina, no Chile e confratenizar-se com os que torturam e condenam à morte os opositores no Irã. Com que autoridade festejaremos em março de 2010 os 25 anos do fim da ditadura e do início da Nova República?

O extremismo e o gosto de provocação em Ahmadinejad o converteram no mais tristemente célebre negador do Holocausto, o diabólico extermínio de milhões de seres humanos, crianças, mulheres, velhos, apenas por serem judeus. Outros milhares foram massacrados por serem ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência. O Brasil se orgulha de ter recebido muitos dos sobreviventes desse crime abominável, que não pode ser esquecido nem perdoado, quanto menos negado. O mesmo país que tentou oferecer um pouco de segurança e consolo a vítimas como Stefan Zweig e Anatol Rosenfeld agora estende honras a alguém que usa seu cargo para banalizar o mal absoluto?

As contradições não param por aí. O Brasil aceitou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e, juntamente com a Argentina, firmou com a Agência Internacional de Energia Atômica um acordo de salvaguardas que abre nossas instalações nucleares ao escrutínio da ONU. Consolidou com isso suas credenciais de aspirante responsável ao Conselho de Segurança e expoente no mundo de uma cultura de paz ininterrupta há quase 140 anos com todos os vizinhos. Por que depreciar esse patrimônio para abraçar o chefe de um governo contra o qual o Conselho de Segurança cansou de aprovar resoluções não acatadas, exortando-o a deter suas atividades de proliferação?

Enfim, trata-se da indesejável visita de um símbolo da negação de tudo o que explica a projeção do Brasil no mundo. Essa projeção provém não das ameaças de bombas ou da coação econômica, que não praticamos, mas do exemplo de pacifismo e moderação, dos valores de democracia, direitos humanos e tolerância encarnados em nossa Constituição como a mais autêntica expressão da maneira de ser do povo brasileiro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Retrógrados hipócritas


Selvageria e retrocesso: estudante é agredida em São Paulo por usar minissaia


• Às vezes nos deparamos com algumas situações tão absurdas que temos de parar e ter certeza de que estamos vendo mesmo aquilo. No dia 22, uma aluna da Universidade Bandeirante (Uniban), do campus de São Bernardo do Campo (SP), região do ABC, foi à aula com um vestido curto. Nada demais. Mas, em pleno século XXI, isso bastou para que centenas de alunos a perseguissem pelos corredores feito selvagens. Aos gritos de “Puta! Puta!”, a aluna era perseguida. Alguns gritavam, outros escalavam as paredes para espiar a estudante pela janela da sala onde ela teve de se trancar. Celulares nas mãos, muitos fotografavam e filmavam a cena. O material, evidentemente, foi parar na rede. Os vídeos publicados no YouTube atingiram dezenas de milhares de acessos. Da sala de aula, a jovem só saiu escoltada pela Polícia Militar, que foi chamada para conter o tumulto. Para conseguir ir embora, teve de vestir um jaleco. Barbárie é pouco. Segundo a reportagem do site G1, a PM teria informado que a jovem “foi à faculdade ‘em trajes inapropriados’”. Já a universidade disse que vai abrir sindicância para apurar o ocorrido. Em nota, a instituição diz que “Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente pela universidade, que pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o seu regimento interno, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa”. Será que o “traje inapropriado” será considerado um atenuante nesse caso?
Sim, é violência! Como bichos, os alunos foram saindo das salas de aula e cercando a estudante. As ofensas morais, os gritos de “puta” e “vagabunda” foram descendo de nível – se é que isso é imaginável – até chegar a ameaças de estupro. Estudantes que presenciaram a cena dizem que os bárbaros também gritavam que iam “comer” a jovem. A universidade diz, na mesma nota, que isso não ocorreu, porque “não houve qualquer contato físico nem perseguição à aluna. O que houve foram manifestações verbais de caráter ofensivo”. O que aconteceu foi o que, então, se não perseguição? E olhar para uma garota e dizer “eu vou te comer” não é ameaça de estupro? É deprimente, ao assistir aos vídeos, ver que não eram só homens que perseguiam a aluna. Muitas estudantes mulheres compunham a horda de bárbaros. Essas mesmas mulheres já devem ter ouvido coisas semelhantes em algum momento da vida. São vítimas da própria opressão que reproduziram neste episódio. O que é apropriado? As mesmas pessoas que condenaram o estilo de vestir da estudante, que o classificaram como “inapropriado” ou roupa de “puta” não se levantam contra a mercantilização da mulher. A transformação da mulher em mercadoria se dá todos os dias na mídia, em mulheres seminuas, mulheres-frutas e outras aberrações criadas pela sociedade para ter mais um produto à venda. O comportamento destes estudantes não é apenas antiquado. Isso seria o menos pior. É, principalmente, expressão do mais vil preconceito. É a decadência da sociedade capitalista exposta em sua forma mais grotesca. O apropriado num caso como este seria a punição exemplar aos selvagens que criaram o tumulto, que ofenderam e violentaram – mesmo que verbalmente – a jovem. Mas parece que a punida será ela. É possível que a estudante nunca mais use seu vestido curto, que as revistas e a televisão tanto disseram que estava na moda. É possível que não vá mais às aulas por constrangimento (até ontem, ela não havia voltado à Uniban). É possível que carregue esta história como um trauma.

Também são vítimas todas as mulheres, inclusive as que legitimaram a violência no episódio da Uniban. Nem mesmo a punição específica neste caso é capaz de apagar a hipocrisia da sociedade. O fato é que enquanto não se coibir a propagação impune da ideologia do preconceito e enquanto mulheres continuarem sendo vendidas e expostas como pedaços de carne num açougue, os homens vão se sentir no direito de possuí-las, de comprá-las. Afinal, o capitalismo precisa disso para sobreviver. E precisa também da divisão entre homens e mulheres, para que eles não se unam e não se voltem contra o próprio sistema. Se isso acontecesse, aí sim poderíamos vislumbrar um outro tipo de sociedade com homens e mulheres não animalizados como os que vimos na Uniban.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O SEPULTAMENTO DA DEMOCRACIA


A arbitrariedade em que vivemos perdura desde a colonização no Brasil. Este é um país de conformáveis espectadores. Temos uma cultura muito submissa às normas impostas pelos governantes, mesmo sendo elas indesejáveis. Nesse país onde o entretenimento é primordial e a política é coisa secundária, ficamos a mercê de oportunistas descarados perante tal situação.

O abuso do poder, a injustiça e a corrupção, estão virando assuntos corriqueiros. Logo, o povo brasileiro - que por sua vez não se mostra interessado neste assunto - acostuma em viver com essas notícias e fatos. É exatamente isso que não pode acontecer. Deixar que isso se torne normal e não dar mais importância.

Por que temos democracia em associações de comissões de bairros, condomínios e até mesmo em pequenas organizações? Porque há uma maior proximidade dos interessados. Se partindo deste ponto para a política, certamente a democracia não estaria sendo velada. O que falta é mais empenho, participação e cobrança aos nosso representantes.

Esse resgate pode ser aliado ao estímulo a cultura e a educação. De fato, seria um melhoramento a longo prazo. Entretanto, o que não pode é deixar exterminar a democracia . Sem ela estaremos fadados a uma vida estagnada no tempo e na cultura.

sábado, 25 de julho de 2009

Lei Contra Fumantes Entra Em Vigor


À partir do próximo dia 07 de Agosto, fica proibido fumar em bares, restaurantes, áreas comuns de condomínio e hotéis, em táxis e carros oficiais. A lei veta até os fumódromos de empresas privadas e proíbe o uso também de cigarrilhas, charutos e cachimbos. O fumante que deseja fumar deverá estar ao ar livre.

A responsabilidade pelo cumprimento da lei será das empresas e instituições, que poderão até perder a licença de funcionamento para quem não cumprir a norma. Os responsáveis pelos estabelecimentos terão que fixar um aviso alertando os frequentadores do local sobre a regra. Deve seguir um modelo publicado no Diário Oficial. A multa pode chegar a um valor estimado de até R$ 1.585,00. Não há punição prevista para o fumante.

Para alguns donos de estabelecimento, o movimento não cairá tanto. Segundo Ronaldo Couto dono de um bar central, os clientes até preferem o ambiente com melhor aroma "O bar é diferenciado e tem muita coisa a oferecer do que fumaça, nossos clientes são fiéis e não corro o risco de perder cliente". Poucos estabelecimentos estão adaptando-se para uma nova alternativa.

Entre os clientes a polêmica é maior: "Fumar em ambiente fechado é de extremo egoísmo pois a pessoa pensa só no seu prazer" diz Raul César - não fumante. Para a estudante Andressa Nantes que não é fumante e contra a lei, não há mal algum fumar nos fumódromos "O cigarro é vendido em todo lugar mas fumar não pode, é um absurdo". Já alguns fumantes concordam com a lei "Seria bom ter um espaço para os fumantes porque não obrigaria as outras pessoas a respirarem meu cigarro" diz a professora Maria Andréa.

"Se os fumantes tivessem noção do quanto incomoda fumar por tabela certamente eles apoiariam essa lei" diz o estudante Ygor Manfrim. Além do incômodo, o fumante passivo pode apresentar várias complicações de saúde segundo o médico Marco Aurélio - clínico geral:

.sintomas respiratórios em pacientes sadios;

.exacerbação de efeitos irritativos em pacientes alérgicos;

.câncer de pulmão


Queixas físicas:

.ardência ou queimação das mucosas;

.irritação ocular e da garganta;

.náuseas;

.cefaleia;

.espirros;

.tosse e etc.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cultivando um Pitty Boy





Playboy, jovem abastecido pelos pais cujo hábitos caracterizam-se por: exigência de marca para roupas no cotidiano; lei do mínimo esforço nas atividades de casa, com isso, faz empregada e a mãe existentes para servi-lo; nariz empinado em relação a outros jovens da mesma faixa etária e classe social; projetam-se em uma classe social elevada e pertencem a outra mais inferior; os pais estão sempre errados; suas ideias são as melhores; vendem uma imagem de independentes mas são totalmente dependentes dos pais; tendem à baixa produção educacional; acham que tudo é barato e consomem dinheiro em festas, auto imagem; terminam o domingo já pensando no próximo sábado; apaixonado por comunidade virtual. Este perfil, é sustentado pelos pais na medida em que oferecem todas as estruturas possíveis e impossíveis aos filhos. O pai sempre supre-o de tudo, não deixando faltar nada de conforto - como o personagem Zeca de Caminho das Índias vivido pelo ator Duda Nagle.
Desde pequenos são manequins ambulantes das mães, em que estas adoram ver os filhos impecáveis. Se possível os projetam para a sociedade para que a mesma possa ter olhos sobre a beleza do filho. Tudo que desarrumam em casa, a mãe vai logo arrumando.
O pai antecipa alguns processos, como ensinar a dirigir automóvel e autorizar a conduzir veiculo sem habilitação. Acreditam estes pais que o filho é um garanhão e será um grande pegador, incentivando que o filho pegue a mais bonita … “o negócio é ficar mesmo”. Abastecem o filho com confortáveis mesadas na qual estes não conseguem associar o custo beneficio do dinheiro.
O Playboy vive no gueto de Playboy’s e vão fomentando por onde passam rixas sociais. Em Brasília, um coletivo de Playboys, filhos de magnatas, conseguiram a sangue frio queimar um índio. Eles, no coletivo, estão acostumados às barbárias públicas sabendo que se forem pegos pela polícia, os pais rapidamente socorrem pagando fiança. O Playboy pode tudo.
Mas a vida avança e o Playboy de hoje não vira nada no amanhã. Ele só se mantém na arrogância financeira se tiver herdado as finanças da família ou o cargo vitalício de diretor da empresa familiar. Diplomados nas melhores Universidades do Brasil e do exterior, contam vantagem do título, mas só se empregam por proteção de alguém. Playboys de classe média, gastam muito dinheiro com escola particular no Ensino Fundamental e Médio e depois vibram por terem conquistado uma vaga na faculdade particular sem nome ou referência – por causa da economia do pai -.
O fracasso do Playboy estará expresso na sua auto defesa. Para ele tudo o que faz é um sucesso, mas para a vida é um grande fracasso. Ele vai insistir em carregar o troféu de sua conquista:
…”Vovô construiu, papai manteve e agora eu vou mais é gastar… gastar tudo…”

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Deletério Moderno

Genericamente, a arte pode ser definida como a capacidade que tem o homem de pôr em prática uma ideia através do domínio da matéria. Com o passar do tempo e a evolução da humanidade, a arte assumiu significado muito mais amplo, funcionando como um instrumento de auxílio valioso à própria sobrevivência humana. Intimamente ligada à religião, a arte funcionou como um apoio místico para explicar o que o homem ainda não podia entender e para expressar seus sentimentos e crenças. Durante muito tempo, os grandes artistas, como Michelangelo e Leonardo Da Vinci, foram também os grandes pensadores e inventores de suas épocas. A arte abrangia amplas esferas da vida, sendo o artista um expoente representativo que sintetizava, em seu trabalho, uma gama variada de atividades.
O progresso e o avanço da ciência foram, no entanto, desmistificando a arte e reduzindo-a a um âmbito, na maioria das vezes, apenas cultural, como registro de usos e costumes de um determinado povo ou período histórico. A arte perdeu seu caráter subjetivo e mágico para a objetividade racional das explicações científicas. As grandes dúvidas e os questionamentos mais obscuros ficaram a cargo da ciência e, atualmente, observa-se, cada vez mais, a subjugação da arte à diversão, simultaneamente a um aumento da dificuldade de se utilizá-la como meio coletivo de expressão. A arte assume, assim, função de entretenimento, somente.
O homem contemporâneo sofre o espólio duplo da perda de sua identidade cultural e social por já não ter um elo com o Universo (que é a arte) e por não compreender aquela que se propõe a substituí-la, a ciência. Fica órfão porque degrada suas raízes antes de encontrar novo ponto de apoio, flutuando entre opções - as mais variadas - de crenças religiosas que se propõem a assumir o papel de ligante do homem com o sobrenatural (função, outrora, exercida pela arte) e aquilo que a ciência pode lhe oferecer através de explicações racionalmente lógicas e que, muitas vezes, seu cérebro não pode compreender totalmente. Deletério é este aspecto de perda da unidade cultural e artística para os povos. Entretanto, o aspecto mais triste da vida de hoje é que a ciência ganha em conhecimento mais rapidamente que a sociedade em sabedoria.